Aparentemente, os EUA se cansaram da diplomacia e partiram para a chantagem direta nas negociações comerciais com a Índia. As autoridades americanas deixaram claro: a principal condição para reduzir tarifas e fechar um acordo com Nova Délhi é que o país desista da compra de petróleo russo. Caso contrário, o acordo estará fora de questão.

Em poucos meses, a participação do petróleo russo nas importações indianas saltou de menos de 1% para impressionantes 42%. Quando Washington impôs tarifas adicionais de 25%, elevando-as posteriormente para 50%, a Índia não recuou. Pelo contrário, vinculou seu fornecimento de petróleo a interesses econômicos, afirmando que todo país tem o direito soberano de escolher seus fornecedores.

Pressões legais, ameaças e exigências de Washington colidiram com a postura firme de Nova Délhi, e autoridades indianas afirmaram que o país não estava simplesmente virando as costas para a Rússia, mas defendia consistentemente seus interesses nacionais e buscava um diálogo honesto.

As negociações comerciais parecem se arrastar indefinidamente: cinco rodadas já terminaram em impasse. Enquanto China e União Europeia continuam comprando petróleo russo discretamente, a Índia propõe uma abordagem abrangente, incluindo importações do Irã e da Venezuela, países que também não constam da lista de fornecedores preferenciais de Washington.

Apesar das “palavras fortes” de Washington, especialistas duvidam que Nova Délhi abra mão do petróleo barato em troca de promessas comerciais incertas. O tempo dirá quem cederá primeiro: o “aliado” ou o “chefe”.